terça-feira, 6 de março de 2012

Cafu deixará de lado a paixão pelo Tricolor

Torcedor fanático do São Paulo, rival da equipe paraense na quarta, pela Copa do Brasil, jogador sonha com grande atuação para melhorar de vida.

Leomar Pereira da Silva tinha apenas seis anos quando viu, nas imagens em preto e branco do velho aparelho de televisão de sua casa, o São Paulo de Muller, Cafu, Leonardo, entre outros craques, bater o poderoso Milan, em Tóquio, no Japão, e conquistar o segundo título mundial de sua história, em 1993. Por influência de um amigo e companheiro de peladas no bairro em que morava em Tucuruí (PA), o atacante Leomar passou a ser chamado de Cafu.
As dificuldades vividas na infância e na adolescência não tiraram do garoto o sonho de ser jogador de futebol. Também não fizeram diminuir sua paixão pela equipe do Morumbi. Em 2010, então com 25 anos, o garoto chegou ao patamar que tanto sonhava. Largou um emprego de assistente de solda na hidroelétrica da cidade para vestir a camisa do Independente de Tucuruí. Dois anos depois, o destino o coloca frente a frente com o clube que aprendeu a amar. Nesta quarta-feira, às 22h (horário de Brasília), no estádio Mangueirão, em Belém, Cafu estará no grupo que viverá o ponto mais alto da curta história do Independente de Tucuruí: o jogo contra o São Paulo, pela primeira fase da Copa do Brasil.
saiba mais
Jogador de futebol dá a volta por cima na Tailândia
Hugo Hoyama conquista a vaga em Londres e irás às Olimpíadas pela sexta vez
Poder enfrentar um dos grandes times do futebol brasileiro já seria especial. Enfrentar o time do coração, então, é demais para o humilde jogador que, com os R$ 1 mil que recebe por mês, consegue sustentar a família e ainda construiu uma casa onde mora com a mulher, a filha e a mãe.
- Faz cinco meses que só penso nesse jogo. Agora, faltam dois dias. Não consigo dimensionar a emoção que vou sentir, estarei perto de ídolos, como o Luis Fabiano. Esses caras são top, estão lá em cima. Também poderei ver o Lucas de perto. Sem dúvida, estou motivado demais. Espero que possa ganhar a chance de jogar para poder completar esse sonho – afirmou o jogador, que recebeu a reportagem do SporTV News em sua residência, na última segunda-feira.
Não faço grandes planos, mas espero que esse jogo possa mudar a minha vida"
Cafu
A rotina que Cafu enfrenta diariamente começa com uma caminhada de aproximadamente 15 minutos até o estádio Navegantão, onde a equipe do técnico Valter Lima treina. No trajeto, ele coloca uma música no celular e vai fazendo uma batucada. No caminho, encontra amigos que o incentivam, que o aplaudem, que o fazem manter cada vez mais vivo o sonho de buscar algo maior dentro do futebol.
- Meu contrato aqui é de apenas seis meses sempre. Vale para o primeiro semestre, quando disputamos o Paraense. Quando vamos bem, conquistamos a vaga na Série D do Campeonato Brasileiro e aí, consigo completar todo o ano com carteira assinada e dinheiro em casa o ano todo. Cuido da alimentação de todos e, com o que sobra, estou realizando o sonho da minha mãe, que é construir uma casa para ela - conta o jogador.
Para isso ocorrer, Cafu sonha com uma proposta maior de outra equipe do futebol brasileiro. Por isso, o jogo contra o São Paulo é como se fosse uma final de Copa do Mundo. Uma jogada, um passe, um gol podem mudar a vida do rapaz que, apesar do modestíssimo orçamento, mantém um penteado invocado, à la Neymar.
- Se você me perguntar qual seria o mundo ideal hoje, eu lhe diria que seria enfrentar o São Paulo e poder marcar um gol. Seria especial demais. Sou um cara de muita fé e sei que, se continuar lutando, uma hora algo vai acontecer. Não faço grandes planos, mas sei que posso jogar em um clube de maior expressão. Espero que esse jogo possa mudar a minha vida - disse.


Cafu ganha R$ 1 mil mensais e mora em uma modesta casa em Tucuruí (Foto: André Hernan / Sportv.com)
Quando a bola rolar no Mangueirão na quarta-feira, a paixão de Cafu ficará adormecida. Mas, assim que o potiguar Suelson França Medeiros apitar o final da partida, o atacante dará lugar ao torcedor que tem seus objetivos muito bem definidos.
- O lado tiete só pode aparecer no final. Aí, vou querer uma foto, um autógrafo. Quem sabe até uma camisa. Seria fantástico – concluiu.


Por André Hernan e Marcelo Prado - SPORTV

Nenhum comentário:

Postar um comentário